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[carta 005] sobre esperas, falhas e o que fazer no interim

Oi! Como vocês estão? Faz um tempo, né?

Dia desses, me peguei pensando em como falhei 3 vezes quando fui tirar a carteira de motorista. Não nas falhas em si, mas em todas as coisas ao redor delas. Apesar de ainda querer, até hoje, uma revisão do primeiro processo; as três tentativas frustradas de fazer uma baliza tiveram algo em comum que na época que fiz terapia (para a quarta e última tentativa) identificou: eu fiquei esperando numa saleta antes de ir fazer a prova. Não sou paciente, nunca fui. Gosto de ter o resultado das coisas assim que as faço, gosto da agilidade, de saber se fui bem ou mal em algo. Não saber deixa espaço na minha mente para criar cenários e a tendência é que eles sejam todos péssimos.

Deve ter alguma lição sobre se preparar para o pior e torcer pelo melhor ainda assim no mundo, só que eu e a tal esperança temos uma relação agridoce.

Como que a gente espera quando tudo é urgente? Existe essa perpétua sensação de que não há mais tempo, para o erro, para a tentativa, as coisas precisam acontecer e precisa ser agora. Agora não, ontem. Meu tempo não está passando, já passou. E não é terrível pensar assim aos vinte e oito? Vejo sucessos ao meu redor e fico feliz, enquanto parte de mim se achata, se espreme, se faz minúscula observando a grandeza alheia.

Quando comecei essa newsletter, as coisas surgiram de um lugar que é metade raro otimismo, metade necessidade de provar para mim alguma coisa — só deus sabe o quê. Nesses seis anos desde que publiquei pela primeira vez algo, o desânimo já me fez companhia diversas vezes, mas é mais fácil fingir que não estou escutando ele quando não tenho que esperar por algo. Esperar me devora.

Pior, esperar me paralisa.

Eu não consigo fazer nada. Talvez por isso tenha levado tanto tempo para regressar a este espaço. Fico pensando em mil caminhos e nenhum deles é o que eu quero pois ainda estou no aguardo, ainda remoendo cada uma das possibilidades — e minha mente é terrível em criar cenários onde tudo dá errado. Mas a pior coisa da impaciência, esse bichinho que vai crescendo embaixo da pele da gente, é que o alvo frequente dos ataques sou eu mesma.

Não tenho paciência para as coisas, é fato, porém às vezes (raramente) ainda consigo me distrair, já comigo… é praticamente impossível. Quero melhorar e quero para ontem, quero finalmente ter alguma coisa que pareça sucesso e a culpa sempre vem junto a esse pensamento. Afinal, quem sou eu nesse mundão? Mais outra formiguinha tentando fazer o seu. É difícil ser notada, é ainda mais difícil se fazer notar.

Então, me vejo presa em um ciclo de não fazer nada por precisar esperar e não conseguir mais esperar e me culpar por estar parada. Aprender a deixar acontecer naturalmente (leia cantando) deve ser um método de tortura selecionado especialmente para os ansiosos. O que a gente faz então?

Não tenho resposta. Ou, ao menos, não tenho nenhuma resposta que sirva a um manual para quem tá com a cabeça meio descompensada. A minha resposta é: nada e tudo, ou melhor, nada e o que posso.

Não há nada a fazer com o que está fora do nosso alcance. Não se pode fazer as respostas chegarem mais rápido ou as oportunidades aparecerem com mais frequência. Infelizmente, certas coisas não dependem só da gente e é preciso fazer as pazes com isso, por mais que doa admitir. Mas há coisas que se pode controlar, passos que precisam ser dados de acordo com a perna.

Uma coisinha de cada vez. E se essa coisinha é só abrir um arquivo e fazer disso quase um diário só pra ver se organizava um pouco o caos do lado de dentro, que seja. A essa altura, já quase me acostumei a me expor na escrita. A gente faz o que faz talvez pela vontade desesperada de encontrar eco por aí, de tropeçar com uma vozinha tímida dizendo “você não está só”.

Então, se tem mais alguém preso no limbo da espera, amarrado entre o peso do fazer e do não-fazer, sendo a própria lei da inércia e se mantendo parado. Você não está só.

PS: algumas atualizações

Após longa consideração (nem tão longa assim, mas me permitam o drama) voltarei a postar Orquídea quinzenalmente. Então vou elaborar um calendário bonitinho e me ater a ele como se minha vida dependesse disso.

Também estou estudando colocar a história no Tapas (o que acham?) e talvez retirar do Wattpad. Mas as duas coisas não estão tão relacionadas. Para quem quer se atualizar na história, a primeira parte está disponível aqui mesmo.

A verdade é que junto de toda essa relação de espera, o desânimo de postar a história bateu. Sei que tenho leitores aqui e não quero desrespeitar ninguém, mas as coisas estavam bem estagnadas, me sinto muito teimosa tentando de novo e de novo e de novo… Porém vou concluir a postagem de OdN. O depois, depois vejo.

Ah! Estou trabalhando em uma história nova. Envolve fantasia renascentista, releitura de mitos gregos, vampiros e talvez fadas? Sim, tudo junto. Também está sendo a minha tentativa de escrever em inglês e eu ando bem empolgada com essa salada. Por enquanto estou apenas no planejamento, mas já escrevi alguns trechos. No futuro, talvez fale mais sobre ele, por enquanto ainda estou conhecendo esse livro.

Por hoje, fico por aqui. Um xêro, perdoem a bagunça e até a próxima!

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